terça-feira, 16 de junho de 2009

Com quantos passos se faz um filme?

Não foram poucas as vezes que o cinema recorreu a belos números coreográficos para expressar ou enfatizar sentimentos de personagens, dando origem a algumas das cenas mais famosas da sétima arte. Pensando nisso, o Da Salsa À Valsa selecionou cinco produções que simbolizam a relação entre filmes e dança – e suas várias nuances – em diferentes épocas.

O Picolino - 1935
Direção: Mark Sandrich


Indicado a quatro Oscar, incluindo melhor direção de dança, "O Picolino" traz dois dos maiores bailarinos da história do cinema, Fred Astaire e Ginger Rogers, em sua sétima parceria – ao todo foram dez. Na trama, Astaire vive Jerry Travers, dançarino americano que vai para Londres para trabalhar em um musical. Por ensaiar seu número até tarde da noite, ele acaba incomodando Dale Tremont, moradora do apartamento de baixo (Rogers). Não é preciso muita sagacidade para perceber que dali sairá o casal principal do longa, mas a simplicidade do roteiro é compensada pelos belíssimos números de dança. Aliás, o filme conta com uma das sequências mais românticas da sétima arte, na qual ambos os bailarinos dançam ao som de “Cheek to Cheek”, interpretada pelo próprio Fred Astaire.

Cantando na Chuva - 1957
Direção: Stanley Dohen e Gene Kelly

Filme que consagrou Gene Kelly, “Cantando na Chuva” conta a história de uma equipe de atores e diretores de cinema mudo que resolvem acompanhar a modernização da sétima arte na época e realizar um musical. Don Lockwood (Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen), famosos pela sintonia nos filmes silenciosos, são escolhidos como o casal protagonista. A atriz, porém, não mostra uma grande habilidade vocal, fazendo com que o diretor contrate a cantora e bailiarina Kathy Selden (Debbie Reynolds, em um de seus primeiros papéis no cinema) para dublá-la. Só não se esperava que, entre um número de sapateado e outro, Lockwood se apaixonaria pela novata.


O Baile - 1983
Direção: Ettore Scola

O diretor italiano Ettore Scola uniu cinema e dança para contar 50 anos da história da França. Sem falas, “O Baile” tem uma única locação, um salão de dança parisiense, onde os mesmos atores dão vida a personagens representativos de cada época. A passagem de tempo é marcada apenas pela mudança de trajes e de ritmos, que vão da clássica valsa à efusiva disco, passando por samba e rock’n’roll. O longa rendeu à Scola o Urso de Prata de melhor direção no festival de Berlim, além de uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro.


Hairspray – 1988 e 2007
Direção: John Waters (1988) e Adam Shankman (2007)

Sucesso nos palcos da Broadway, “Hairspray” teve duas adaptações para o cinema. A primeira, dirigida pelo mestre do trash cult John Waters, conta com um elenco inusitado: Sonny Bono (músico e ex-marido da cantora Cher), Deborah Harry (vocalista da extinta banda de pop-rock dos anos 70, Blondie), além da travesti Divine. Já a mais recente tem uma nuance mais pop e é estrelada pelo queridinho das adolescentes, Zac Efron. Apesar das peculiaridades de cada versão, a história é basicamente a mesma: Tracy Turnblad, uma jovem bem acima do peso, realiza o sonho de participar do programa de dança mais famoso dos Estados Unidos. Ao conquistar seu espaço, a menina decide lutar contra o preconceito em relação às minorias. Como o filme se passa nos anos 60, não faltarão números de puro rock’n’roll.


Chega de Saudade - 2007
Direção: Laís Bodanzky

Vencedor do prêmio de melhor filme segundo o público no Festival de Brasília, “Chega de Saudade” bebe das mesmas fontes de “O Baile”. O plano de fundo também é um clube de dança, mas, diferentemente de Ettore Scola, Bodanzky dá voz aos personagens, explorando seus dramas e conflitos existenciais. Traições, paixões e medo de solidão vêm à tona em um único dia de baile. No elenco, estão Cássia Kiss, Stepan Nercessian e Leonardo Villar.

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